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Após Trump anunciar tarifas, canadenses vaiam hino americano em partidas


A bandeira canadense é erguida sobre os espectadores enquanto o hino nacional é cantado antes do início de um jogo entre o Minnesota Wild e o Ottawa Senators no Canadian Tire Centre, em Ottawa. Jogadores de hóquei no gelo estão alinhados na pista segurando seus tacos.

Crédito, USA Today Sports

Legenda da foto, Torcedores vaiaram o hino nacional dos EUA durante partidas de hóquei no gelo durante o fim de semana após o anúncio de tarifas pelo presidente dos EUA, Donald TrumpArticle information

  • Author, Nadine Yousif
  • Role, Da BBC News em Toronto
  • 3 fevereiro 2025

    Atualizado Há 3 horas

Poucas horas depois de o presidente Donald Trump anunciar a imposição de tarifas pesadas ao Canadá, torcedores vaiaram o hino nacional dos EUA durante um jogo contra um time americano na Liga Nacional de Hóquei.

No domingo (2/2), o mesmo aconteceu durante uma partida de basquete entre Toronto Raptors e Los Angeles Clippers. As vaias foram ouvidas durante todo o hino — e quase abafaram a performance do jovem de 15 anos que entoava a canção.

O descontentamento vocal de torcedores geralmente respeitosos é um sinal claro da profunda consternação dos canadenses com a decisão de Trump de atingir seu aliado mais próximo com impostos punitivos, que ameaçam desencadear uma guerra comercial sem precedentes no continente norte-americano.

As tarifas de 25% impostas por Trump sobre todas as importações canadenses para os EUA — com uma taxa menor de 10% sobre energia — entrariam em vigor na terça-feira (4/2).

Enquanto muitos economistas projetam que as tarifas planejadas também aumentariam os custos para os americanos em itens essenciais do dia a dia, de gasolina a mantimentos, o Canadá é o parceiro comercial mais vulnerável às ações de Trump.

A raiva cresceu — e com ela, um desejo de encampar uma luta que foi ecoada por líderes políticos no país de 40 milhões habitantes.

“Muitos entre nós serão afetados por isso, e teremos alguns momentos difíceis. Peço que estejam lá, uns pelo outros”, discursou o primeiro-ministro Justin Trudeau na noite de sábado (1/2).

“Agora é a hora de escolher o Canadá”, complementou ele.

Justin Trudeau

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O primeiro-ministro Justin Trudeau falou em ‘unidade nacional’ após o anúncio de tarifas impostas pelos EUA

Alguns canadenses atenderam aos apelos por solidariedade.

Nas redes sociais, circularam guias sobre como evitar produtos feitos nos Estados Unidos.

Um supermercado local em Toronto começou até a rotular o iogurte canadense para os compradores, de acordo com uma imagem publicada no X (o antigo Twitter) pela médica Iris Gorfinkel, que mora em Toronto.

Outros declararam que cancelarão planos de viagem para os EUA ou deixarão de visitar o país de forma definitiva.

“Ontem, em resposta às tarifas de Trump, cancelamos nossa viagem das férias em família para os EUA, que faríamos em março”, escreveu o escritor canadense Seth Klein, no Bluesky.

“Levamos um pequeno prejuízo no cancelamento das passagens de trem, mas isso precisava ser feito.”

Em algumas províncias canadenses — principalmente Ontário, a maior em população — as bebidas americanas seriam retiradas das prateleiras por tempo indeterminado a partir de terça-feira.

Isso se soma a um total de US$ 105 bilhões (R$ 613 bi) de produtos americanos que o Canadá disse que tarifaria em retaliação.

A lista inclui vegetais, roupas, equipamentos esportivos, perfumes e outros itens.

Produtos originários de Estados liderados pelos republicanos — como o suco de laranja da Flórida — foram escolhidos como alvos.

Um momento ‘desestabilizador’ para o Canadá

O anúncio inicial de Trump sobre as tarifas confundiu os canadenses, que têm desfrutado de laços econômicos, sociais e de segurança estreitos com os EUA durante as últimas décadas.

“É um choque”, afirmou Michael Ignatieff, ex-líder do Partido Liberal do Canadá, à BBC News.

“Estamos em um novo mundo, no qual a questão sobre se você pode confiar nos EUA se torna um ponto fundamental da política externa de todos os países.”

Pierre Poilievre, líder do Partido Conservador, que está na oposição, chamou as tarifas americanas de “enormes e injustas.”

“O Canadá é o vizinho mais próximo dos Estados Unidos, seu maior aliado e melhor amigo”, disse ele, ao observar que o Canadá lutou ao lado dos EUA nas duas guerras mundiais, bem como nas guerras da Coreia e do Afeganistão.

“Não há justificativa alguma para esse tratamento”, protestou ele.

Durante um discurso no sábado, o primeiro-ministro Trudeau questionou por que os EUA mirariam o Canadá em vez de olhar para “partes mais desafiadoras” do mundo.

Um trecho do discurso dele foi diretamente dirigido aos americanos — e ele também chamou atenção para a história de derramamento de sangue compartilhado.

“Nós lutamos e morremos ao lado de vocês”, disse Trudeau.

Thomas Juneau, professor de segurança nacional da Universidade de Ottawa, disse à BBC que as tarifas de Trump “sem dúvida representam um terremoto nas relações Canadá-EUA”.

“Isso é extremamente desestabilizador para o Canadá”, avalia Juneau.

“Como país, nos beneficiamos enormemente de nossa parceria extremamente próxima de comércio e segurança com os EUA por décadas.”

Donald Trump

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Trump anunciou tarifas para Canadá, México e China, mas depois adiou a aplicação para os dois primeiros

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